Natureza Morta II – Turma B

15 Minutos de Fama

No palco contemporâneo, o espectáculo em cartaz é a vida. Os ingressos na bilheteria dão direito a entrar na intimidade dos actores, a formar alter-egos e a idealizar heróis, mas a plateia não está satisfeita e quer ela mesma encenar o espetáculo. E na esquizofrenia de ser ao mesmo tempo personagem e espectadora, ela tenta ler o letreiro em néon que anuncia o título da obra: realidade…

Apesar de ser algo típico do fim do século XX e começo do XXI, o fenómeno em questão foi profetizado por uma frase de Andy Warhol, que na década de 1960 começou a pintar produtos norte-americanos famosos, como latas da sopa Campbell’s e garrafas de Coca-Cola, ou ícones de popularidade, como Marilyn Monroe. Disse ele: “um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama” ao comentar obras próprias baseadas em acidentes automobilísticos, em especial o de uma ambulância.

Muita gente que se debruça sobre o fenómeno das celebridades tenta explicar o que leva uma pessoa a batalhar pela fama.

“Essa vontade representa o antídoto a uma sociedade massificada, em que todos se sentem anónimos”, disse o sociólogo Joshua Gamson, da Universidade Yale, autor de um livro sobre o tema. Talvez a explicação faça mais sentido nos Estados Unidos, onde o mundo é dividido entre vencedores e perdedores.

Hoje, não há celebridade de primeira grandeza que não tenha a seu lado um empresário experiente. A teoria diz que uma celebridade precisa da assessoria de três profissionais. Primeiro, um agente que negocie cachets. Segundo, um assessor de imprensa que selecione as suas aparições. Terceiro, um consultor económico que a transforme em pessoa jurídica e programe os seus investimentos.

Alguns conselhos dos assessores de imagem para as mulheres que, tendo belas formas como capital inicial, pretendem tornar-se celebridades:

• A maneira mais fácil e rápida é namorar alguém famoso. Mas cuidado para não se dar entrevistas sobre o namoro antes de ele engatar realmente.

• Posar desinibida para uma revista masculina é um passo importante. Nos meses seguintes àquele em que a revista está nas bancas, é preciso aparecer o máximo possível na televisão, em desfiles e festas.

• Expôr a vida pessoal é imprescindível. Não existem celebridades que se sustentam com um discurso do tipo “só falo da minha vida profissional”.

• Nos momentos em que a fama declina um pouco, invente algo para recolocá-la em evidência. Por exemplo, arranjar outro namorado badalado, mesmo que seja mentira.

Mas o que alimenta o interesse pelas celebridades? Os estudiosos acreditam que, num mundo onde as relações familiares estão cada vez mais restritas ao núcleo central, elas passaram a ser uma extensão daquelas grandes famílias de antigamente. São “parentes” com os quais se pode conviver diariamente sem que se tenha de arcar com as consequências que isso acarreta entre pessoas que têm laços na vida real. Com uma vantagem: pode trocar-se de “parentes” quando se está cansado deles – daí a brevidade das celebridades instantâneas.

O aparente vínculo de intimidade entre os cidadãos comuns e as celebridades permite, ainda, que os primeiros possam sonhar com a possibilidade de também vir a ser ungidos pela fama. Se aconteceu com ela, por que não comigo? A indústria de celebridades produz ilusões. Bilhões delas a cada dia.

“O génio de última hora

é o idiota do ano seguinte

o último novo-rico

é o mais novo pedinte…”

Trabalho realizado por os alunos:

Anabela Salgado | Danuta Mesquita | Filipe Lopes | João Cepa | Manuela Maranhão | Paula Moreira | Paula Silva